sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Por onde começar?

Esta mensagem de hoje é dedicada àqueles que estão a iniciar-se por estes meandros das bolsas e que têm, por isso, pouca ou nenhuma experiência e que querem investir numa perspectiva de longo prazo.

Assim, quem está a dar os primeiros passos nos mercados financeiros deve começar pela Análise Fundamental - daqui em diante apenas AF - pois será esta análise que indicará O QUE COMPRAR e, não menos importante, O QUE NÃO COMPRAR. Bastará saber 3 racios financeiros da empresa para conseguir "separar o trigo do joio" e, consequentemente, comprar apenas empresas que criam valor accionista no longo prazo.

Para explicar esses 3 racios que considero mais importantes, não há nada como exemplificar com 2 empresas que concorrem uma com a outra: a Intel e a AMD.

Abram os seguintes endereços em 2 janelas ou separadores diferentes:

Racios financeiros da Intel

Racios financeiros da AMD

Mais ou menos a meio aparece uma secção denominada "Financial Strength", ou seja, Força Financeira. É aqui que está a dívida de curto e longo prazo da empresa e onde está um dos racios que nos interessa particularmente: o LT Debt to Equity (MRQ) - Long Term Debt to Equity (Most Recent Quarter) - que já tinha referido em "QUEM TERA MAIORES DIFICULDADES?" e que representa a Dívida de Longo Prazo relativamente ao Capital Próprio no Trimestre Mais recente. Mas porque se compara a dívida relativamente ao capital próprio de uma empresa? Porque não se pode comparar valores absolutos de dívidas de 2 empresas com dimensões diferentes. Por exemplo, é natural que a Intel tenha 100 vezes mais dívida do que a Portugal Telecom visto que tem uma dimensão aproximadamente 100 vezes superior. Por isso, o LT Debt to Equity (MRQ) - doravante apenas LTDE - de cada empresa é que ditará quais as mais endividadas. E porquê a dívida de longo prazo apenas? Porque, normalmente, é essa dívida que revela problemas estruturais na empresa. Na Intel, o LTDE é de 4.85, ou seja, esta tem uma dívida de longo prazo de 4.85 vezes o seu capital próprio, o que é relativamente conservador. No entanto, na AMD o LTDE é de 364. A AMD tem, por isso, uma dívida de longo prazo de 364 vezes o seu capital próprio, o que representa um serviço de dívida muito penoso.

Na secção "Profitability Ratios", surge outro racio que considero fundamental: o Net Profit Margin - 5 Yr. Avg., ou seja, a margem líquida média dos últimos 5 anos. Esse racio na Intel é de 19.13 mas na AMD é de -14.19. Quer isso dizer que, enquanto a Intel ganhou aproximadamente 19% líquidos nos últimos 5 anos, a AMD perdeu 14%...

Finalmente, na penúltima parte, aquela que diz "Management Effectiveness", aparece o "Return on Equity - 5 Yr. Avg.", que representa o Retorno sobre o Capital Próprio médio dos últimos 5 anos. Por outras palavras, quanto capital próprio foi preciso para gerar determinado retorno? Esse racio na Intel é de 17.96 mas na AMD é de -20.58. Quer isso dizer que, enquanto a Intel ganhou aproximadamente 18% nos últimos 5 anos relativamente ao seu capital próprio, a AMD perdeu 21%...

Depois de verificados esses 3 racios, penso que não restam dúvidas acerca da empresa na qual se deve investir no longo prazo: a Intel.

Alias, o mercado não teve dúvidas: enquanto a Intel desvalorizou 56% desde o pico de 2007, a AMD corrigiu 96% desde o seu pico de 2006. Regra geral, desconfiem sempre de empresas actualmente ou recentemente cotadas abaixo dos 3 USD/EUR/GBP: ou são start-ups e então vale a pena investigar mais ou, senão, não devem ser grandes espingardas para investir (podendo, no entanto, ser boas para especular).

Bom fim-de-semana,

Dax Speculator

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Conflitos de interesse

Hoje fui confrontado com mais um "estudo" muito "independente", publicado no JN online.

Eis o título da "notícia": "Geração dos 30 anos pode perder até 60% da reforma".

A parte que mais gostei foi:

"Adicionalmente, a menor natalidade gerará uma crise demográfica, que vai provocar uma multiplicação por um factor 2 do rácio de dependência em Portugal até 2060. Ou seja, a população em idade de reforma passará de 26,6% face ao resto da população em 2010 para 54,8% em 2060."

Ou seja, estes iluminados acham que podem estimar quantos bebés vão nascer a tempo de se tornarem activos, ou seja, até 2044 (pressupondo que a idade mínima para descontar continue a ser os 16 anos)!

Pois a mim parece-me que até 2044 poderão mudar muitas coisas que tornam estas longínquas previsões no mínimo um bocado complicadas: coisas como a fase do ciclo económico, o estilo de vida, as eventuais guerras, etc...

E de quem é o estudo? É da Optimize Património e Reforma, uma gestora de PPR, nada interessada no resultado do seu próprio estudo! Não existe, por isso, nenhum conflito de interesses entre informar realmente o público e vender determinado produto ou serviço nesse "estudo"...

Peço desculpa por escrever tanto hoje mas, a não ser que não tenha tempo, há coisas que não consigo deixar passar em branco!

Votos de reformas realmente optimizadas,

Dax Speculator

BANCO PRIVADO PORTUGUÊS

Então não era este banco que dizia que eram um dos bancos mais capitalizados do mundo? Pela própria publicidade do banco, na revista Única (do Expresso), que tive oportunidade de ler algumas vezes:

"Somos um dos bancos mais capitalizados do mundo no seu segmento com capitais próprios de 200 milhões de euros."

E o que aconteceu à estratégia deles, denominada de Estratégia de Retorno Absoluto? Eis a definição do BPP:

"A Estratégia de Retorno Absoluto garante valorizações reais e potenciais muito competitivas, bem como a conservação do capital investido."

Meus caros, deixem-me clarificar isto:

Nos mercados accionistas nunca houve, não há nem irá algum dia haver, em caso algum, garantias de capitais investidos. Isto porque as empresas cotadas correm vários e diversos riscos todos os dias da sua actividade e, por isso, os seus investidores também. Há riscos políticos, económicos, de mercado, de gestão, de câmbio, de cobrança, etc... É o assumir desses riscos que proporciona retornos de longo prazo muito superiores aos depósitos a prazo e certificados de aforro. E quem disser que se pode investir nos mercados de capitais com garantias do capital investido está, das duas uma, ou a mentir ou, mais perigoso ainda para o crente nesse tipo de estratégias, pura e simplesmente não percebe patavina do que é o mercado accionista.

Votos de investimentos sem retornos absolutos,

Dax Speculator

terça-feira, 25 de novembro de 2008

DUPLO FUNDO NO DAX

Hoje vou falar no padrão actual do DAX, um duplo fundo. Este padrão ainda está por confirmar pois só a quebra em alta do zona dos 5400 o confirmará. No entanto, na minha opinião, é de arriscar e entrar aqui porque aumenta significativamente o potencial de lucro do trade. Agora sim (ontem acabei por publicar outro gráfico do cash DAX), eis o gráfico dos futuros do DAX:



Como se pode ver no gráfico, o volume vai diminuindo durante a maior parte do tempo como é apanágio deste padrão. O target esse será a zona entre os 6000 e 6200. Talvez seja coincidência ou talvez não ;-) mas é nesta zona que também está o último forte suporte semanal quebrado e agora resistência: os 6160. Finalmente, há que assinalar divergências no histograma do MACD e no RSI que, apesar de não estar assinalada no gráfico de futuros, é bem visível no gráfico do cash diário do DAX:



O padrão está alias em sintonia com as minhas últimas análises - ver "S&P 500 NOS 1100?" e "VENHA A W4" - em que antecipo a ocorrência de uma onda w4 correctiva (Teoria de Elliot).

Bons negócios,

Dax Speculator

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

S&P 500 NOS 1100?

No mundo financeiro a história repete-se vezes sem conta e é uma excelente fonte de conhecimentos.

Por isso observo regularmente os padrões dos preços do passado para poder especular sobre o futuro comportamento dos preços. Ontem, durante mais uma dessas observações procurava ver como tinha sido a última W4 de uma WC no S&P 500. E descobri-a:



Antes avançar com targets para esta W4 no S&P 500 e na sequência do que foi dito em "W4 NO EURO STOXX50", venceu claramente a 1ª hipótese:

"Estamos ainda na w3, mais precisamente na sub-w4 desta w3, e ainda teremos de enfrentar uma sub-w5 impulsiva que poderá quebrar os mínimos de Outubro"

No entanto, esta W4 actual deverá ser mais forte do que a do gráfico acima porque a respectiva W3 foi mais forte e violenta (princípio da acção-reacção) e porque a própria WC é por natureza mais violenta do que a do gráfico pelos motivos referidos em "PIOR CRISE DESDE 1929?".

Assim, o meu target para este rally no S&P 500 é a zona dos 1100.

Um bom fim-de-semana,

Dax Speculator

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Monopólio de consumidores

Hoje irei procurar explicar mais detalhadamente o que é um monopólio de consumidores ou de clientes referido em "A BUFFETTOLOGIA (PARTE II)".

Um monopólio de consumidores/clientes é uma empresa que controla um determinado mercado, é líder desse mercado. É o tipo de empresa que, ou não tem concorrentes à altura, ou não tem concorrentes algum porque está protegida destes pelo estado e/ou as suas leis.

E que empresas são bons exemplos de monopólios de consumidores? A Coca-Cola é um dos maiores monopólios de consumidores do mundo. Quantos pontos de venda terá a Coca-Cola em todo o mundo? Desconfio que nem a própria Coca-Cola sabe. Pensem em todas as mercearias, os supermercados, as estações de serviço, os cinemas, os restaurantes, bares e hotéis, fábricas e escritórios que lá têm a máquina automática... De todos estes negócios, quem não a tiver à venda irá de certeza perder vendas.

A Google é outro exemplo de um monopólio de consumidores. A Google detém cerca de 80% de quota de mercado nos motores de pesquisa em todo o mundo, o que lhe proporciona uma quota semelhante na publicidade online.

A Microsoft é outro monopólio de consumidores. Quem não tem um pc em casa com o Vista ou o XP (os mais antigos). E destes, quantos não têm o Office? Milhões...

Também existem monopólios de consumidores em Portugal: os bancos também são monopólios porque, apesar de terem concorrência, toda a gente tem de lá colocar o seu dinheiro. Raras são as pessoas que ainda optam pelo antigo colchão. Por isso, esta crise financeira deve ser vista como uma oportunidade de investimento neste monopólio específico que é a banca de retalho ou tradicional (não a banca de investimento que não é um monopólio de consumidores)

E as seguradoras também são monopólios de consumidores: toda a gente que compra um carro tem de fazer o seguro obrigatório. E as empresas de segurança também serão monopólios de consumidores enquanto houver ladrões...

Existem mais 2 empresas em Portugal que seriam excelentes exemplos de monopólios de consumidores SE não estivessem sujeitas à regulamentação: a Brisa e a EDP. Na prática não o são porque o estado fixa-lhes os aumentos anuais, entre outras coisas. Se não fosse a regulamentação, quem quisesse viajar de carro e pela auto-estrada entre o Porto e Lisboa teria de pagar à Brisa o que esta entendesse justo. A EDP também poderia cobrar aos seus mais de 700 mil clientes os preços que bem entendesse se não existisse a ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) em Portugal e outras noutros países.

Uma boa semana,

Dax Speculator

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

COMO TER SUCESSO?

Escolhi falar sobre este tópico hoje porque permite a quem ainda não conseguiu ter muito sucesso nos mercados financeiros uma prolongada reflexão e eventual ajustamento da sua estratégia durante o fim-de-semana.

Já tinha abordado um pouco este tema em "SER ESPECULADOR" e irei hoje aprofundá-lo. Mas em vez de falar sobre o que não se deve fazer (como acontecia na maior parte dos artigos de diversos traders que tive oportunidade de ler), irei resumir o que se deve fazer: as estratégias, as atitudes, os pensamentos, as acções e outros factores que são, fundamentalmente, as causas do sucesso desta minoria - não mais de 5% pelas estatísticas - que ganha consistentemente nos mercados.

Assim, o especulador que se enquadra nesta minoria já não se emociona com ganhos de 100, 200 ou até 500% num só trade. Esse especulador não vai em euforias. A euforia aumentaria a sua auto-confiança e, consequentemente, a probabilidade de errar. Para ele é "business as usual"...

Por falar em probabilidades, ele negoceia sempre com esta variável a seu favor: nunca entra num trade em que a probabilidade de falhar é superior a 20%. E como determina ele isso? Vou exemplificar. As Rising Wedges (cunhas ascendentes), por exemplo, são dos padrões que mais falham o seu objectivo (início ou ponto mais baixo da cunha): entre 15 a 20% falham-no. Quer isso dizer que a cunha ascendente é um padrão a evitar a todo custo? Não mas o especulador terá que ter mais argumentos técnicos para negociar estas cunhas: deverá existir outro padrão técnico num time frame superior a suportar essa cunha ascendente. Já se for um Head & Shoulder, tendo em conta a baixa probabilidade de falha deste (2%), o especulador poderá entrar num trade apenas com base nesse padrão, desde que o tenha bem estudado.

Para além disso, o especulador sabe que vai errar num futuro não muito distante e que, por isso, não pode alocar mais de 30% por tipo de activo. Não pode, por exemplo, ter 20% do capital em opções de compra do EUR/USD e mais 20% de opções de compra do Ouro: estes 2 activos estão fortemente correlacionados e, por isso, esse trade representaria uma alocação de capital de 40%. Só em casos muito excepcionais é que esses 30% podem ser ultrapassados. Por exemplo, quando estão todos os participantes do mesmo lado tal como aconteceu no 2º trimestre deste ano com as commodities e as moedas. Para além de tudo isso, o money management deve ser mais agressivo nos trades a favor da tendência e mais defensivo nos que são contra esta. Em futuros e opções, o trade também deve ser capaz de resistir a perdas iniciais até 30%.

Ter um plano de trading também é obrigatório. Esse plano deve identificar inequivocamente o padrão que se está a negociar, os possíveis preços de entrada e saída do trade e respectivas probabilidades destes. Deve-se obviamente alocar a maior fatia do capital nos preços mais prováveis.

Por fim, um constante acompanhamento e conhecimento da actual envolvente macro-económica e política é essencial. A envolvente macro-económica só se sabe percebendo na íntegra os diversos ciclos económicos: o Super Ciclo, o Grande Ciclo e o Ciclo.

Resumindo, eis (por ordem decrescente) o que considero mais importante para o especulador ter sucesso:


* Ser frio - sem emoções, sentimentos ou feelings - durante todo o processo;
* Negociar só e só se a probabilidade de falha for inferior a 20%;
* Expor na maior parte dos casos até 30% do capital por tipo de activo;
* Ter um plano de trading bem definido;
* Acompanhamento e conhecimento do momento macro-económico e político.


Finalmente e por falar em sucesso, George Soros disse ontem perante a Comissão de Avaliação e Reforma Governamental da Câmara dos Representantes Americana que a recessão é já inevitável e que não se pode descartar a possibilidade de uma longa depressão. Também afirmou que não se deve impor "regulamentações equívocas".

Sobre a possibilidade de longa depressão, estou certo que teremos uma Grande Depressão este século mas estou certo que não será para já, com este crise. Discordo por isso de George Soros e acredito que não é provável que isso aconteça: os governos dos países desenvolvidos (G7) e em desenvolvimento (G30) estão em condições de reagir a esta crise e estão a fazê-lo de uma forma global e concertada, pondo assim um travão ou, pelo menos, definindo um fundo para esta crise.

Um bom fim-de-semana,

Dax Speculator

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A BUFFETTOLOGIA (PARTE II)

Quando tudo o que é notícia fala de crise, recessão, desemprego, falências... o investidor tem de estar atento às oportunidades que podem existir no mercado.

Este tipo de oportunidades existiram em finais do mês de Outubro, altura em que o mais carismático e bem sucedido investidor do mundo Warren Buffett disse numa entrevista ao New York Times:

"O mundo está um caos financeiro, tanto nos Estados Unidos como no exterior. O problemas do sector financeiro, aliás, foram-se propagando para a economia real, e as fugas transformam-se agora num violento jacto. A curto prazo, o desemprego irá aumentar, a actividade empresarial irá esmorecer e as manchetes vão continuar a ser assustadoras."

"Então ... tenho comprado acções Americanas. Esta é a minha conta pessoal, de que estou a falar, na qual anteriormente detinha apenas obrigações do Tesouro dos Estados Unidos. (esta descrição deixa de lado as minhas acções da Berkshire Hathaway...). Se os preços continuarem tão atractivos, o património líquido desta minha conta será em breve totalmente constituída por acções Americanas."

E porque compra Warren Buffett? Porque Warren Buffett está focado no longo prazo. Na minha 1º mensagem sobre a estratégia de Warren Buffett (ver "A BUFFETTOLOGIA (PARTE I)", falei sobre o investimento na perspectiva do negócio e as suas linhas orientadoras:

  1. Esperar que o mercado desvalorize em vez de rezar para que suba, de modo a poder comprar partes significativas de empresas cotadas de que estava à espera de ser accionista;
  2. Ter o pensamento orientado à análise do negócio e perceber que a razão mais estúpida para ter uma acção é acreditar que esta vai subir na próxima semana;
  3. Deixar de comprar uma acção na esperança de uma valorização de 25% em 6 meses para investir num negócio que estima lhe dará 1 taxa de rentabilidade anual de 15% ou mais nos próximos 5 ou 10 anos;
  4. Aprender que a diversificação serve apenas para as pessoas se protegerem da sua própria estupidez;
  5. Ter grandes ideias de investimento quando fizer compras no supermercado;
  6. Descobrir que a "Pipi das Meias Altas" e o seu corretor podem ser bastante optimistas mas nenhum deles tem muitos conhecimentos de finanças;
  7. Perceber porque uma acção cotada a 100€ pode estar barata e que uma outra a 10€ pode estar brutalmente cara;
  8. Finalmente, começar a pensar em acções como se fossem obrigações com uma taxa de juro variável.
Ora, é a essas regras que Warren obedece diariamente. E começou a acumular acções para a sua conta pessoal em Outubro tendo em conta principalmente a orientação n.º 3. Ele estima obter uma rentabilidade anual superior a 15%, ano após ano. E como estima ele essa rentabilidade? Isso será tema para outra dia mas a regra básica é muito simples: quanto menor o preço de aquisição, maior será a rentabilidade anual estimada.

E que empresas interessam a Warren? Basicamente são estas as características que Warren procura:

  1. É Monopólio de clientes (*)?
  2. Os resultados apresentam uma tendência ascendente (últimos 10 anos)?
  3. O financiamento é conservador (Long Term Debt to Equity ou Total Debt to Equity, ou seja a dívida de longo prazo ou a dívida total divida pela Capital Próprio)
  4. Os ROE (Retorno Sobre Capitais Próprios) dos últimos anos são bons e consistentes (ROE 5y >= 15)?
  5. Retém os lucros (**)?
  6. Tem baixas despesas de operações correntes?


Concluindo, Warren borrifa-se completamente para o curto prazo (onde é que já li isto? ;-) e, melhor ainda, até tira vantagem daí quando a irracionalidade da maior parte dos intervenientes os obriga a vender ao desbarato tanto boas como más empresas para satisfazer necessidades de capital. Tal irracionalidade aconteceu em Outubro, altura em que tivemos boas empresas a serem cotadas a preços de pré-aumentos de capital que, por enquanto, não se vieram a verificar.

(*) - Um Monopólio de clientes é uma empresa que controla o mercado, que tem uma larga maioria desse mercado. Exemplos de Monopólio de clientes são a Coca-Cola, Mc Donalds, Google, Microsoft, Cisco, bancos, empresas de segurança, ...

(**) - Warren prefere não receber dividendos porque estes são tributados a uma taxa muito superior do que os lucros da própria empresa. Warren prefere que a empresa utilize esse dinheiro sempre que o valor acrescentado pelos resultados retidos aumente o valor da empresa.

Bons investimentos,

Dax Speculator

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

JIM ROGERS NA CNBC

Hoje vou limitar-me a partilhar uma das últimas entrevistas de Jim Rogers (1 dos 3 mais bem sucedidos investidores/especuladores, a par com Warren Buffett e George Soros) à CNBC. Jim dá uma lição ao "analista" que tenta convencê-lo que iremos ter deflação:



Uma boa semana,

Dax Speculator

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

W4 NO EURO STOXX 50

Na minha última contagem de Elliot (ver "VENHA A W4" e "ELLIOT E O BEAR MARKET") dava como hipótese mais provável estarmos a terminar a w3 impulsiva da WC da actual correcção em A-B-C (bear market):

"Pela minha contagem, esta WC estará agora a terminar a sua sub-onda w3 impulsiva. Depois de terminada a w3, teremos uma w4 correctiva (contra a tendência dominante) e, finalmente, uma w5 impulsiva de capitulação"

Esta minha mensagem de hoje é sobre o Euro Stoxx 50 e serve para alertar para a possibilidade de a w3 ainda não ter acabado e vir pregar mais algumas partidas aos bulls.

O que posso garantir desde já, quer no S&P 500 quer no Euro Stoxx 50, é que a w1 e a w2 já terminaram e que estamos numa w4. No entanto, não está garantido ainda se esta w4 é a w4 da WC ou se é a sub-w4 da w3. Resumindo, temos 2 possibilidades em aberto:

- Estamos ainda na w3, mais precisamente na sub-w4 desta w3, e ainda teremos de enfrentar uma sub-w5 impulsiva que poderá quebrar os mínimos de Outubro. Algo deste género:



- Estamos já na w4 desta WC e, por isso, este rally ainda tem mais pernas para andar no médio prazo (apesar de ser possível uma pequena correcção de curto prazo):



De qualquer forma, mesmo no caso mais bearish (a 1º possibilidade) uma sub-w5 nunca deverá quebrar em fecho semanal os mínimos de 2002, 800 $ no S&P 500 e 2000 € no Euro Stoxx 50. Assim, recomenda-se fazer aqui algumas mais valias até porque o movimento está a ficar esticado.

Para finalizar, um pequeno comentário acerca da eleição de Barack Obama. Tradicionalmente esta eleição é bearish para os mercados. E tem-no sido. Os mercados estiveram muito provavelmente a descontar, para além das crises do imobiliário e do crédito, também esta vitória de Barack Obama. E porquê? Porque Os Democratas costumam normalmente aumentar os impostos aos mais favorecidos (empresas, empresários, comerciantes, profissionais liberais...) para poder ajudar os menos favorecidos e isso é bearish para os mercados, ou seja, para o capital.

Agora que a eleição acabou os mercados (e eu próprio) irão procurar perceber quais serão as políticas económicas de Obama e descontar em conformidade.

Boas especulações,

Dax Speculator

terça-feira, 4 de novembro de 2008

DIVERGENCIA NO BOVESPA

Na minha 1º análise técnica ao Bovespa (ver "ANALISE TECNICA DO BOVESPA") o índice ameaçava partir mais um suporte (os 48600):

"Dito isso, no semanal o Bovespa está muito bearish pois, apesar de se encontrar mesmo em cima de um forte suporte - os 48600 - constituído pela Linha de Tendência Ascendente de longo prazo e pelo próprio suporte horizontal, este não deverá aguentar muito tempo esta colossal pressão vendedora que levou o Bovespa a perder mais de 30% em 3 meses.".

E assim aconteceu. O Bovespa partiu todos os suportes que havia para partir pela frente, passando como faca em manteiga pelos 48600, 46000, 42000, 32800 até chegar aos 29400. É isso que acontece quando estão todos do mesmo lado... Mais, ficou mais um vez provado que não se deve negociar apenas tendo por base padrões de Candlesticks porque o Hammer identificado no gráfico diário na altura teve apenas um efeito positivo de curtíssimo prazo tendo o Bovespa caído mais de 40% depois de passado esse efeito.

Agora temos finalmente algumas boas notícias no Bovespa: uma divergência bullish no gráfico diário:



A título de exemplo e respondendo ao comentário do JP em "DIVERGENCIAS, COMO IDENTIFICAR E NEGOCIAR?", a zona assinalada deveria ter sido usada para fechar posições curtas e, eventualmente (*), abrir algumas posições longas a título especulativo.

Assim, estamos muito provavelmente num rally alimentado por short covering neste mercado e nos mercados de materiais básicos - vulgo commodities - que foram fortemente castigados nos últimos meses.

(*) - Eventualmente porque a tendência ainda é de baixa.

Boas especulações,

Dax Speculator