sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A Cartilha

O seguinte artigo, publicado há 140 anos, é a prova viva de que a história se repete. Eis a Cartilha, artigo publicado em "A Lanterna" em 1870:
 
 


  
Para quem está ou esteve distraído, a realidade deste país à beira mar plantado nos últimos 200 anos tem sido:
 
  1. Corrupção, sobretudo nas esferas políticas e financeira mas não exclusiva a estes 2 sectores;
  2. Dívidas públicas gigantescas (*)
  3. Pobreza, ignorância, analfabetismo e conformismo do povo em geral;
  4. Imigração contínua e estrutural das gerações mais novas;
  5. Economia muito débil e descapitalizada...
 
(*) - O penúltimo empréstimo ao FMI só acabou de ser pago em 2001. O país só durou 1 década sem o "lobo mau"... 
 
Votos de um excelente fim-de-semana,
DS
  
 
 
 




segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Comércio global começa a arrefecer

Liderado pela forte queda das importações na zona Euro, o comércio global começa a dar os primeiros sinais de fragilidades (cortesia do ZeroHedge.com)



Tal como já tinha referido anteriormente, a única coisa que os bancos centrais conseguiram foi "comprar tempo". Mais, quanto mais tempo comprarem mais caro lhes irá ficar a brincadeira pois mais dolorosa será a reversão à média.

Assim, nenhuma entidade no mundo conseguirá contrariar o que aí vem, apenas o conseguirá atrasar e sempre com consequências nefastas. O arrefecimento do comércio global está aí ao virar da esquina, com ou sem QE's!

Votos de uma excelente sermana,

DS

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Mercados aguardam decisão da Fed

Os mercados aguardam pela decisão da Fed sobre um possível novo programa de QE ("Quantitative Easing"), que será divulgada amanhã pelas 19h15 horas Portuguesas.

Segundo estimativas do Zerohedge.com, o maior mercado do mundo - o forex - estará a descontar um programa na ordem dos 800 mil milhões de dólares.

Se estas estimativas estiverem correctas e a Fed não anunciar nenhum novo programa ou apresentar um programa mais modesto, os mercados reagirão certamente mal.

Pessoalmente, penso que a Fed irá decepcionar os mercados pois já foi longe demais nos seus QE's que, claramente, não estão a ter muito sucesso na economia real...

Cumprimentos,

DS

terça-feira, 11 de setembro de 2012

12000€ por mês

Por incrível que pareça, as seguintes fotografias foram tiradas em diversas sessões do parlamento Europeu:









Por isso já sabe: se gosta de ganhar 12000/mês mas gosta de fazer noitadas, o melhor sítio para trabalhar é no parlamento Europeu pois poderá dormir no local de trabalho...

Cumpts.,

DS

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Análise ao Orçamento - Reformas

Depois das bombas lançadas por Passos Coelho na passada 6ª feira, decidi fazer uma análise pormenorizada ao orçamento que tinha sido previsto para ano a fim de perceber onde se gasta tanto dinheiro.

Decido começar pelas reformas e analisar as rúbricas relatiovas à Caixa Geral de Aposentações (CGA) e à Segurança Social (SS).

Eis os gráficos das despesas orçamentadas, da estimativa do número de reformados e das reformas médias (despesas orçamentadas a dividir pelo número de reformados) de cada sistema para 2012.

Resumindo, em 2012, estava orçamentado gastarem-se 9029 milhões de euros na CGA e 5457 milhões de euros na SS:



E o número estimado de reformados para 2012 é de 592 mil na CGA e 1.8 milhões na SS:


Ou seja, as reformas médias são de 1271€ na CGA e 299€ na SS:



Onde estava o tribunal constitucional quando isto aconteceu? Ou a igualdade é só de deveres??

Cumprimentos,

DS

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Sub Mário

Hoje Super Mário desiludiu todos aqueles que pensavam que ele iria fazer "tudo o que fosse necessário" para salvar o Euro.

Mas então porque será que os mercados subiram ontem? Simplesmente para facilitar a distribuição (venda de acções) e o fecho de posições longas nos derivados. É assim que interpreto o dia de ontem e as próximas semanas dirão se a minha leitura está correcta ou não...

Mário Draghi desiludiu por ter prometido algo que nunca poderia cumprir pois os países desenvolvidos não iriam deixar "ao acaso" uma instituição tão importante como o BCE: a sua comissão executiva é actualmente constituida por 5 governadores dos quais 1 Alemão (Jörg Asmussen), 1 Francês (Benoît Cœuré), 1 Italiano (Mário Draghi), 1 Belga (Peter Praet) e 1 Português (Vítor Constâncio). Como normalmente são 6 membros, há mais 1 lugar que tudo indica será ocupado pelo Luxemburguês Yves Mersch.

Para além da comissão executiva, a política monetária é também decidida pelos governadores dos bancos centrais dos 17 países da zona Euro. Alias, o governador do banco central Francês tem mantido o "low profile" mas o governador Alemão (Jens Weidmann) tem deixado bem claro que no que depender dele - e depende muito visto representar a maior economia do Euro - não se fará "tudo o que for preciso". Ultimamente também os governadores da Finlândia (Ardo Hansson), Austria (Ewald Nowotny), Holanda (Klaas Knot) e Bélgica (Luc Coene) têm demonstrado fortes dúvidas sobre a eficácia de "basukas" em política monetária....

São portanto 23 governadores que tomam decisões e, por isso, Draghi tem de conseguir o seu apoio antes de mandar bitaites, algo que não parece ter acontecido este verão...

Cumprimentos,

DS

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

As mentiras de Jackson Hole

Este fim-de-semana teve lugar a conferência anual dos manipuladores bancos centrais em Jackson Hole, Wyoming, EUA. A figura principal foi, como não poderia deixar de ser, Ben Bernanke da Reserva Federal dos EUA (FED) já que Super Mário não esteve presente.

Eis algumas partes do discurso de Ben que eu não posso deixar de comentar pois considero-as escandalosas:
 
"À medida que avaliamos os benefícios e os custos de abordagens políticas alternativas, não devemos também perder de vista os grandes desafios económicos que afligem nossa nação. A estagnação do mercado de trabalho em particular, é uma grande preocupação, não só por causa do enorme sofrimento e desperdício de talento humano que implica, mas também porque os níveis persistentemente elevados de desemprego vai causar danos estruturais na nossa economia, que poderá durar por muitos anos."
 
O que Ben "se esqueceu" de referir é que a FED é a principal responsável pela estagnação do mercado de trabalho nos EUA: com as suas políticas ZIRP (Zero Interest Rates Policy ou Política de Taxas de Juro Zero) e de manipulação dos preços do activos dos últimos 15 anos, a FED originou um aumento exponencial das disparidades entre as economias desenvolvidas e em desenvolvimento.

Por um lado, as economias desenvolvidas começaram a consumir bens e serviços supérfluos ou, para o caso dos bens duradouros, antes do que seria normal, fragilizando a sua posição financeira. Por exemplo, se uma família na década de 80 trocava de carro de 6 em 6 anos, a partir da década de 90 passou a trocar de carro de 4 em 4 anos recorrendo ao crédito "fácil e oferecido" pelas políticas ZIRP da FED.

Por outro lado, as economias em desenvolvimento foram aumentado exponencialmente a sua capacidade produtiva e acumulando reservas monetárias que foram "re-investindo" em dívida soberana dos países mais consumistas, incentivando políticas erradas e sempre com recurso a mais dívida. Tomando Portugal como exemplo, reformas aos 40 e tal anos por "doença" eram moda na década de 90. Nos EUA foram os programas Medicaid e Medicare, que representam gastos futuros completamente incomportáveis para o governo Americano pois este terá em breve que optar por reformar esse programa ou então falir!

Em 2008, esse cíclo vicioso foi quebrado e todos previsíveis problemas apareceram e perduram até aos dias de hoje pois os bancos centrais não deixam os mercados funcionarem...
 
"As LSAPs (Large-Sized Asset Purchases, compras de grandes portes) parecem também ter impulsionado os preços das acções, presumivelmente tanto pela redução das taxas de desconto como melhorando as perspectivas económicas. Provavelmente não é coincidência que a recuperação sustentada dos preços de acções dos EUA começou em março de 2009, logo após a decisão do FOMC de expandir as compras de títulos. Este efeito é potencialmente importante, porque os valores de ações afetam tanto a decisões de consumo e investimento."

Como já referi no comentário anterior, no que diz respeito ao consumo não há dúvidas que essas políticas têm sido positivas, faltando saber a que custo mas isso é tema para outra discussão...
 
Já o investimento real não residencial - que é o que cria a maior fatia de emprego de longa duração (a preocupação de Ben) - cresceu apenas 11.6% nos últimos 11 anos e meio, ou seja, um crescimento anual médio de apenas 1% desde Janeiro de 2000, o que para uma economia com um suposto potencial de crescimento de 3% deixa muito a desejar:


 

 
Ver também:

Medicaid
Medicare

Cumprimentos,
 
DS