quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

RALLY A VISTA (II)?

Na sequência da 1ª mensagem desta saga (ver "RALLY A VISTA?"), irei hoje publicar mais alguns gráficos que ilustram as relações entre activos e até tipos de activos diferentes e que poderão servir de indicadores avançados para os mercados de acções.

O 1º gráfico é o rácio entre a taxa de juro das obrigações do tesouro Americano com maturidade de 3 meses ($UST3M) e a taxa de juro interbancária a 3 meses ($LIBOR3):




Como se pode ver neste gráfico, sempre que a Libor a 3 meses apresenta, durante várias semanas, maior força relativamente às obrigações do tesouro a 3 meses (o rácio diminui), temos grandes probabilidades de ter um rally a médio prazo.

O 2º gráfico é o rácio entre o S&P 500 ($SPX) e o Nasdaq 100 ($NDX):



Como se pode ver neste gráfico, sempre que o Nasdaq 100 apresenta, durante várias semanas, maior força relativamente ao S&P 500 (o rácio diminui), temos grandes probabilidades de ter uma rally a médio prazo.

O 3º e último gráfico é o rácio entre a taxa de juro das obrigações do tesouro Americano com maturidade de 10 anos ($UST10Y) e a taxa de juro das obrigações do tesouro Americano com maturidade de 3 meses ($UST3M):




Como sabemos, o mercado de crédito congelou no último trimestre do ano passado mas o gráfico acima mostra grandes melhorias e um quase regresso à normalidade.

As eventuais conclusões que se poderão tirar a partir das relações acima demonstradas deverão ser sempre para o médio prazo. Ou seja, é possível que no curto prazo ainda haja alguma pressão vendedora que, em produtos alavancados e com pouca maturidade, poderá ser penalizador. Já em acções com fortes fundamentais, estou convicto que o momento é de forte compra!

Uma boa semana,

Dax Speculator

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A MENTIRA DAS ESTATISTICAS

Esta semana foram divulgados pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) os números do desemprego relativamente ao ano de 2008.

E não é que os números foram melhores do que o esperado!? No ano que marcou o início da pior crise dos últimos 80 anos, a taxa de desemprego desceu de 8% em 2007 para 7.6% em 2008. Portugal é mesmo um país à beira mar plantado...!

Claro que foram precisas umas pequenas e insignificantes alterações para conseguir este número mas quem se importa com isso em ano de eleições? Ninguém! No entanto e para descargo de consciência da minha parte vou clarificar melhor esta questão. O INE, para chegar a este maravilhoso número, considera o seguinte:

- Os "Inactivos Disponíveis" que, apesar de serem pessoas desempregadas, como não fizeram diligências para arranjar emprego nas últimas 4 semanas anteriores ao inquérito do INE, são EXCLUIDOS;
- O "Subemprego Visível" que, apesar de serem pessoas que trabalham menos do que 15 horas por semana (biscates), são EXCLUIDOS;
- Os desempregados inscritos no IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional) que estão actualmente em formação, são EXCLUIDOS;

Assim, sempre que a Segurança Social quiser reduzir a taxa de desemprego basta-lhe, para além das 2 primeiras artimanhas que são uma constante, enviar o máximo n.º de inscritos no IEFP para formação...

Uma semana sem mais donas brancas,

Dax Speculator

MAIS UMA DONA BRANCA

Esta semana fomos "surpreendidos" com mais um caso "Dona Branca": desta vez o protagonista é Robert Allen Stanford.

Texano de gema, Stanford conseguiu enganar os "atentos" reguladores/supervisores e, tal como a Dona Branca, oferecia juros bem altos pelos Certificate of Deposits (Certificados de Aforro) no seu Stanford International Bank.

Há um provérbio Anglosaxónico que diz "There is never just one cockroach" ou, em Português, "Nunca há uma só barata"... Cá está mais uma e ninguém sabe do seu paradeiro:



PS: o blog ganhou uma nova cor e outra disposição que espero ser do agrado da maioria dos leitores.

Bons negócios,

Dax Speculator

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

S&P 500 SOBREVENDIDO

Na sequência da minha última mensagem (ver "RALLY A VISTA?"), queria fazer uma chamada de atenção para a situação extremamente sobrevendida do índice das 500 maiores empresas dos EUA, o S&P 500, principalmente no gráfico mensal.

O RSI mensal está a tentar furar os 20, o que é inédito em mais de 20 anos: a última vez que esta situação se verificou foi em 1974, "curiosamente" em pleno bear market:





Como se pode ver no gráfico e em termos de comparação, o crash de 1987 apenas conseguiu levar o RSI mensal ligeiramente abaixo dos 50. Assim sendo, posições curtas aqui nesta zona sairão provavelmente perdedoras no médio prazo e mais ainda no longo prazo.

Uma boa semana,

Dax Speculator

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

RALLY A VISTA?

Hoje irei partilhar 2 gráficos que me parecem no mínimo interessantes como indicadores avançados para o médio e longo prazo.

O 1º gráfico é o rácio dado pelo S&P 500 (índice das 500 maiores capitalizações Americanas) divido pelo preço do Ouro ($GOLD). Como se pode observar no gráfico abaixo, enquanto o S&P 500 fez novo máximo relativo em 2007, o rácio S&P 500/Ouro não:



No rácio Libor (London Interbank Offered Rate - 1 month)/S&P 500 a situação é semelhante. Como se pode ver, o S&P 500 fez novo máximo relativo em 2007 mas o rácio Libor/S&P 500 não. Mas há mais, o rácio tem vindo a subir nas últimas semanas:




Um bom fim-de-semana,

Dax Speculator

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

AS CRISES EVITAM-SE

Hoje irei procurar responder à pergunta que milhares de CEO's, políticos, economistas, analistas, jornalistas, corretores, gestores de fundos... querem ver respondida: como acabar com esta grave crise?

Haverá certamente muitos interessados em licitar acima da fasquia de 1 milhão de euros para obterem uma solução para esta crise mas, infelizmente, não existe qualquer tipo de solução. Este tipo de crise não se resolve, evita-se porque, depois de iniciada, é como uma avalanche de neve. Os governantes, reguladores e presidentes de bancos centrais um pouco por todo o mundo ainda não devem ter percebido bem isso. Dá-me vontade de rir quando estes dizem que vão conseguir relançar a economia ("jump start the economy") ou arranjar a economia ("we are going to fix it"), como se de um simples motor automóvel se tratasse...

E porque não se consegue resolver este tipo de crises? Eis os principais motivos:
  1. As bolhas imobiliária, do crédito e dos mercados accionistas irão - tal como aconteceu no passado - sobre corrigir, ou seja, indo muito abaixo dos valores médios históricos;
  2. Existe sobre capacidade à escala global em todos os seguintes sectores: produtivo, tecnológico, telecomunicações e retalho e até mesmo nalgumas áreas do sector de serviços;
  3. Este tipo de crise é estrutural, avassaladora e "alimenta-se" a ela própria da seguinte forma: menos crédito e menores patrimónios mobiliários e imobiliários produzem menos consumo, o que origina menos investimento e mais desemprego. Menos investimento e mais desemprego levam a menos crédito e consumo e por aí em diante...;
  4. O sector público será actualmente responsável, no máximo, por uns 35% do PIB global, representando o sector privado, no mínimo, os restantes 65%;
Assim, o máximo que os governos irão conseguir será uma desaceleração dos efeitos negativos que esta crise está a ter na economia, no investimento e nos empregos. Conseguirão um efeito de para-queda, nada mais. Contudo, é bom que os governos estejam a fazer algo para combater a actual situação mas não se deve ter falsas esperanças: a crise resolver-se-á a ela própria através do famoso processo económico de "destruição criativa"...

Um bom final de semana,

Das Speculator

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

CUNHA DESCENDENTE NA PORTUCEL

A Portucel-Empresa Produtora de Pasta e Papel, SA (Portucel) é uma empresa baseada em Portugal, especializada na produção e venda de pasta de celulose, papel e derivados. Além disso, compra da madeira, produtos florestais e agrícolas, bem como a madeira de corte. O seu negócio está focado na pasta de papel de eucalipto celuloso "kraft" e no papel fino à base de eucalipto não revestido. A empresa possui três centros de produção localizados em Setúbal, Figueira da Foz e Cacia. A Portucel agrega o Grupo Portucel Soporcel e é uma subsidiária da Semapa - Sociedade de Investimento e Gestão SGPS, SA. A Companhia está sediada em Setúbal, Portugal.

Os fundamentais da empresa são medianos e existem lacunas do lado da divulgação de informação financeira por parte da empresa. Por exemplo, até ao momento, não consegui saber qual a dívida de longo prazo da empresa. Para além disso, também não existe uma política de dividendos consistente: decide-se na reunião geral de accionistas qual será a taxa de remuneração para o accionista, o que não é muito apelativo...

Em termos técnicos, no gráfico semanal temos um canal descendente bem definido que tem forçado a evolução das cotações da Portucel. Enquanto este canal não for quebrado, a situação continuará bearish para a Portucel:




No diário temos um padrão bullish - uma cunha ascendente - que poderá projectar a Portucel para o topo do canal acima referido, ou seja, a zona dos 1.8€:



Bons negócios,

Dax Speculator

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

NOTAVEIS DA TRETA

Um investidor notável - ver Warren Buffett, Jim Rogers ou George Soros - não se endivida para comprar acções caras e, ainda por cima, de um banco que não cria valor accionista algum.

Este meu comentário vem a proposito do artigo de opinião de Pedro Santos Guerreiro (ver aqui), autor que costumo ler frequentemente por gostar das suas opiniões. Assim, esta mensagem é uma crítica (construtiva) ao seu artigo de opinião.

Se os indivíduos citados no artigo fossem notáveis investidores, teriam percebido por antecipação que vinha aí, pelo menos, uma forte tempestade e que era altura de reduzir e não aumentar os seus investimentos especulativos.

Para além disso, desenganem-se aqueles que falam do BBVA como potencial comprador do BCP: não me parece que o BCP seja o tipo de instituição que o BBVA queira comprar. O BBVA preferirá certamente instituições mais pequenas, nas quais possa incutir uma política de criação de valor - e não destruição, tal como acontece no BCP. Mas há mais: o BBVA também enfrenta o mesmo cenário macro-económico complexo e, por isso, aquisições não deverão serão certamente as prioridades lá para os lados de Bilbao...

Quanto à CGD (estado), esta poderá ter de avançar se a situação do BCP e restantes instituições arrastadas continuar a deteriorar-se, o que irá muito provavelmente acontecer. Será que iremos ter em Portugal um "Aggregator Bank"? Talvez uma CGAD (Caixa Geral Agregadora de Depósitos)...

Votos de uma boa semana,

Dax Speculator

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

NOURIEL ROUBINI VS BCE

Nouriel Roubini, professor da Universidade de Nova Iorque e um dos primeiros economistas a prever a actual crise, está em total sintonia com Dax Speculator (ver "O PROBLEMA DO BCE") e considera, também ele, que Jean-Claude Trichet está errado na sua forma de fazer política económica.

Eis alguns excertos da entrevista recentemente concedida à Bloomberg:

Entrevistadora: O BCE irá reunir-se na próxima 5ª feira. Estarão eles errados em não estarem a cortar as taxas de juro para os zero?

Roubini: Sim, estão errados. Estão a fazer muito pouco e muito tarde. Dadas as condições económicas da Europa, numa severa recessão, deveriam estar onde os EUA estão ou o Japão está: taxas próximas de zero. E isso está a agravar a recessão na zona Euro...

Entrevistadora: Eles dizem que o risco de deflação não é tão grave como nos EUA, concorda com isso?

Roubini: Não. A minha previsão é de que os 7 países mais importantes da zona Euro terão, este ano, inflação negativa e isso tenderá a ser permanente, excepto se houver estímulos económico/fiscais suficientes para contrariar essa situação.

Quem quiser ver a entrevista completa pode fazê-lo através do seguinte link:

http://www.bloomberg.com/avp/avp.htm?clipSRC=mms://media2.bloomberg.com/cache/vkRY2xC0F1VU.asf

Bons negócios,

Dax Speculator

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A BUFFETTOLOGIA (PARTE III)

Warren Buffett cedeu recentemente uma entrevista à NBR (Nightly Business Report) que me mereceu a maior das atenções.

Deixem-me ser claro: Warren Buffett mereceu, merece e merecerá sempre a minha atenção mas, dependendo provavelmente do(a) entrevistador(a), há entrevistas mais interessantes do que outras...

Eis parte da entrevista que considero mais reveladora da filosofia de investimento de Warren Buffett - a Buffettologia - com alguma ênfase minha (quem quiser ler a entrevista na íntegra e em Inglês pode fazê-lo aqui):

Susie Gharib (a entrevistadora): Uma coisa que os Americanos não estão a comprar ultimamente são acções. Deveriam estar a comprar?

Warren Buffett: Bem, tal como muitas pessoas tanto compram como vendem acções todos os dias, também há pessoas que compram acções todos os dias e nós estamos a comprando. Se as pessoas estão a comprar um negócio que compreendam a um preço razoável, devem continuar a comprar. Isso é verdade a qualquer momento. Há muito mais coisas a preços razoáveis agora do que há dois anos atrás. Então, agora é claramente um momento melhor para comprar acções do que há 2 anos atrás. É melhor do que amanhã? Não faço ideia.

SG: Esta crise financeira tem sido extraordinária, de muitas formas; como mudou sua abordagem para investir?

WB: não mudou em nada. Aprendi a investir em 1949 ou 50 com um livro de Benjamin Graham e, desde então, nada mudou.

SG: Tantas pessoas me disseram, no ano passado, que esta é uma crise sem precedentes... O impensável aconteceu. E não afectou a sua filosofia de investimento?

WB: Não. Se eu fosse comprar uma quinta, não mudaria as minhas ideias sobre como comprar uma quinta, um apartamento ou um negócio e é isso que uma acção representa. Uma acção é parte de um negócio e, por isso, se eu quisesse comprar acções de uma empresa privada aqui em Omaha, analisaria esse negócio da mesma forma que o teria feita há 2 anos atrás e da mesma maneira que irei fazê-lo dentro de 2 anos. Eu vejo quanto recebo pelo meu dinheiro, quão boa é a gestão, como é a posição competitiva da empresa comparada com as outras, quão duradoura. Enfim, apenas questões fundamentais. O mercado de acções é... enfim, esqueça isso. Qualquer negócio que compre, serei feliz proprietário mesmo que, amanhã, a bolsa feche durante os próximos 5 anos. Por outras palavras, estou a comprar um negócio. Eu não estou a comprar uma acção. Estou a comprar um pedaço de um negócio, tal como compraria uma fazenda. E isso não muda. Todas as manchetes dos jornais do mundo não irão alterar isso. Mas isso não significa que você poderá comprar essas acções mais baratas amanhã. Pode acontecer. Mas a verdadeira questão é se eu valorizei o meu dinheiro o suficiente quando as comprei?


Uma boa semana,

Dax Speculator