terça-feira, 26 de junho de 2012

Actualização do meu indicador avançado

Hoje vou publicar uma actualização do meu indicador macro-económico avançado, já com todos os dados não oficiais (ver "Um pequeno erro de meio trilião") relativos ao mês de Junho.

Depois de analisar estes dados mais recentes tudo aponta para uma contínua desaceleração da actividade económica global. A contribuir para isso estão principalmente 2 factores:
  1. A crise da zona Euro;
  2. A desalavancagem mais ou menos forçada das instituições governamentais, financeiras, não-financeiras e dos particulares.
Ninguém escapa a esse fenómeno da desalavancagem pois todos cometeram excessos que têm forçasamente de ser corrigidos. Os bancos centrais tentam suavizar os efeitos negativos dessa desalavancagem com as sucessivas operações de liquidez (QE's, LTRO's,...) mas não irão conseguir mais do que isso pois como diz o ditado: "Você pode levar um cavalo à água mas não o pode obrigar a beber".

Eis o gráfico do meu indicador macro-económico avançado:


Votos de uma excelente semana,

DS


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Reacção da imprensa Alemã ao G-20

Os EUA são hipócritas quando dão palestras sobre a Europa (*).


As fotografias do encerramente da reunião do G-20 no México mostram os principais líderes mundiais a sorrir, demonstrando unidade. Mas os observadores Germânicos consideram que as fotos de família feliz tentam apenas desviar as atenções dos graves problemas que a economia mundial atravessa e toda a difamação que aconteceu durante a cimeira.

É mais outro jogo de "esperar para ver" para o Euro: os líderes mundiais esperam que os líderes do Euro - em particular a chanceler Alemã Angela Merkel - apresentem novas propostas para fortalecer a moeda comum. Embora haja muitos outros problemas económicos no mundo - incluindo a expansão sem fim à vista da dívida dos EUA e as barreiras comerciais que ainda têm de cair - os líderes do mundo industrializado e os principais países em desenvolvimento conseguiram concentrar-se quase exclusivamente à crise do Euro durante a reunião do G-20, no México.

Merkel esteve, mais uma vez, na berlinda na medida em que muitas nações a pressionaram no sentido de fazer mais pelo Euro num momento em que muitos contribuintes Alemães sentem que o seu país já fez demais.

Na quarta-feira, analistas e comentadores Alemães defenderam o país contra os críticos estrangeiros mas também argumentaram que pouco ou nenhum progresso foi atingido durante este G-20. Disseram também que este tipo de cimeiras não são favoráveis ​​ao debate político sério, algo que é extremamente necessário nos dias de hoje.

A centro-esquerda "Süddeutsche Zeitung" escreve:

"A crise do euro, que tem um grande potencial destructivo para a economia mundial, foi reduzida a um problema do tamanho de um soluço na declaração final da cimeira por uma razão simples: quando se trata de economia por si só, os Americanos, os Chineses, os Japoneses e os Brasileiros estão todos atolados nos seus próprios problemas. Isso cria uma situação em que um país é sempre o pecador e os outros só têm uma leve repreensão por seus actos."

"O G-20 é na verdade o grupo adequado para se falar abertamente sobre os principais problemas globais. Mas recentemente a cimeira tornou-se tão ritualizada que se parece menos com uma discussão séria e mais como uma sala de aula em que as crianças lêem os trabalhos de casa uns aos outros."

Já o diário Handelsblatt escreve:

"É um pouco hipócrita da parte dos Americanos e dos Britânicos, cujas montanhas de dívida chegaram a máximos nunca vistos, tentarem dar lições aos Europeus. Um número apenas é suficiente para revelar o quão má é essa táctica. Numa altura em que os défices orçamentais dos EUA e da Grã-Bretanha são cerca de 8 por cento, os membros da zona Euro quase que conseguiram trazer os seus déficits consolidados para a meta dos 3 por cento."

[O que os Alemães parecem não entender é que a táctica anglo-saxónica não é má de todo pois, até agora, tem funcionado muito bem: os EUA e a Grã-Bretanha têm pago taxas irrisórias para emitir montantes astronómicos de dívida enquanto que um número cada vez maior de países Europeus vêm a sua factura de juros subir dia a dia algo que, na minha opinião, é também fruto da ignorância da maior parte dos "investidores" em obrigações de taxa fixa...]

O "Frankfurter Allgemeine Zeitung", de centro-direita, escreve:

"Apesar de um monte de palavras dramáticas, os países do G-20 têm, por enquanto, adiado o resgate à economia global. Poucos dias antes da próxima cimeira Europeia, o grupo de países industrializados e nações em desenvolvimento têm de esperar impotentes para o que quer que seja que os Europeus irão trazer para cima da mesa para salvar o Euro."

"O G-20 só é forte enquanto houver vontade dos seus membros em trabalhar de forma cooperativa. Isso vale para os Estados Unidos, que têm resistido à pressão para resolver os seus problemas financeiros. E também vale para os Europeus que, no terceiro ano de sua crise de dívida, ainda não convenceram os mercados financeiros de que o Euro pode sobreviver no seu formato actual."

"As diferenças sobre o caminho para o crescimento - nos Estados Unidos é mais do lado da procura enquanto que na Europa é mais do lado da oferta - ressurgirão imediatamente se os Europeus, na visão dos Americanos, não apresentarem resultados rapidamente."


(*) - O que estiver entre chavetas são comentários meus.

DS

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Entrevista a William Rhodes

William Rhodes, consultor financeiro com experiencia comprovada em várias missões a situações internacionais de crise financeira que vão desde a América do Sul, Brasil,  Argentina e Asia, veio recentemente a Portugal a convite do banco Big e cedeu uma entrevista à SIC notícias. É uma excelente entrevista de quem sabe do que está a falar e que, por isso, recomendo vivamente:



DS

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Um "pequeno" erro de meio trilião

A reserva federal Americana divulgou ontem o relatório "flow of funds" que, nos últimos 2 anos, teria supostamente reflectido um contínuo aumento da liquidez nos balanços das empresas Americanas.

No entanto, no relatório divulgado ontem, a liquidez das empresas não-financeiras foi revista em baixa - segurem-se! - de 2.23 em Março para 1.72 triliões de dólares, uma pequena diferença de meio trilião. Para ser mais preciso - e porque isto dos triliões não é para nós - o erro de foi de 496.5 milhões de milhões de dólares!! É por estas e por outras que dados macro-económicos oficiais - American ou Europeus - não entram nos cálculos do meu indicador macro-económico avançado.

Mas um dos indicadores que faz parte desse indicador/modelo é o Indice de Confiança dos Consumidores da Universidade de Michigan cujo valor preliminiar saiu há pouco e fixou-se nos 74.1, bem abaixo dos 79.3 de Maio (gráfico cortesia da Bloomberg): 



Votos de um bom fim-de-semana,

DS

sábado, 9 de junho de 2012

All you zombies

Dedico esta música a todos os zombies que andam por aí sem saber muito o que fazer da "vida". Refiro-me aos ex-todos-poderosos tais como o BPN, BCP, BES, Banif, Bankia, las Cajas & Cia, RBS, Citibank, Bank of America, etc. A lista é tão longa que não sei se caberia numa só pagina...