sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O GDP foi nacionalizado

Ficamos hoje a "saber" a 1ª estimativa sobre a evolução do GDP (PIB) Americano relativamente ao 4º trimestre: 5.7%.

Se fizermos uma extrapolação baseando-nos no que se passou com a 1ª estimativa do PIB do 3º trimestre (que foi dos 3.5% para os actuais 2.2%, ou seja, uma revisão em baixa na ordem dos 38%), podemos estimar que o verdadeiro n.º andará entre os 3.3% e 3.7%. De qualquer forma, este é apenas um crescimento estatístico pois os 3º e 4º trimestres de 2008 foram tão maus que é perfeitamente natural e expectável que os crescimentos dos 3º e 4º trimestres de 2009 sejam na ordem dos 2 a 3%. Exemplificando, se produzimos 1000 USD em 2007, apenas 900 em 2008 e 945 em 2009 teríamos um crescimento de 5% do PIB em 2009 relativamente a 2008 mas, vendo as coisas com olhos de ver, passados 2 anos ainda estaríamos com uma queda de 5.5%.

Resumidamente, este é um crescimento que se deve principalmente a 2 factores:

  1. Governo;
  2. Estatística.

Finalmente, queria falar um pouco da Grécia e do que isso pode representar para Portugal. Eis a evolução da taxa de juro das obrigações a 10 anos do governo Grego de médio e longo prazo (cortesia da Bloomberg):



A taxa de juro é actualmente superior ao pico de Janeiro 2009 (6.2%) e demonstra, desde 2005, uma tendência de subida consistente, bem definida e incontestável. A realidade que a Grécia enfrenta actualmente traduz-se num agravamento de 100% nos seus custos de financiamento em pouco mais de 4 anos, ou seja, o dobro!

A situação para o governo Português não é, para já, tão grave mas se nada for feito irá certamente piorar pois, sem um claro plano para reduzir a despesa pública e/ou aumentar a receita, os investidores irão certamente pedir um retorno superior aos actuais 4.3%...

Um bom fim-de-semana,

Dax Speculator

1 comentário:

  1. Bom post. Tendo em conta que se contabiliza 17% do OE para o pagamento de juros da divida pública, não é preciso a taxa das nossas OT subirem muito para causar impactos significativos no défice no decorrer do ano. Ou seja, reforça-se a necessidade obrigatória de encontrar um caminho para a sustentabilidade e equilibrio das contas públicas.

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