quarta-feira, 30 de março de 2011

Querida Irlanda, daqui fala Portugal...

Muito obrigado pela vossa carta e respectivos conselhos. De facto não nos conhecemos muito bem e temos até algumas diferenças culturais. Vocês vivem quase sempre no meio do nevoeiro, nós temos bastante sol; vocês falam como se tivessem algo muito quente na boca, nós falamos muito da vida alheia; vocês bebem whisky, nós preferimos o vinho...

Mas para além dessas diferenças culturais também temos um diferente tipo de crise: vocês compraram casas como se não houvesse amanhã, nós não; antes da crise, a vossa economia funcionava bastante bem, a nossa já estava doente muito antes disso, desde o início do século. Já os vossos políticos parecem ser exactamente iguais aos nossos: são muito bons a falar e prometer mas muito maus a fazer e cumprir.

Agora, se me permitirem, irei dar-vos também alguns pequenos conselhos. Acreditem que não há boas soluções para os vossos problemas pois foram demasiado longe no endividamento. Restam-vos apenas más soluções, sendo umas menos más que outras. O que vocês podem fazer agora é forçar os vossos credores a assumirem algumas perdas. E para isso precisam de recomprar a vossa dívida nos mercados, a desconto claro. O problema é arranjarem a nota para isso. Se tiverem boas empresas para privatizar, essa será uma forma de conseguirem fazer isso. Mas não percam tempo a tentarem despachar os vossos BPN's e as vossas TAP's e RTP's pois essas ninguém as quer... Também poderão tentar vender algum património imobiliário.

Cordial abraço,

Portugal.

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