Lembram-se do muro de que eu falei em "Porque ainda não batemos no fundo"? Pois bem, esse muro ficou mais perto para o Japão pois a S&P desceu hoje a classificação da sua dívida de AA para AA-.
Há quem defenda que isso não terá consequências para o Japão pois não teve consequências em 2002, altura em que a S&P fez o mesmo corte na classificação da dívida Nipónica. No entanto, esquecem-se provavelmente que em 2002 não havia tanta sensibilidade para estes assuntos por parte investidores em dívida soberana. Agora a psicologia dos mercados de dívida é diferente do que era em 2002...
Por isso, este corte implicará provavelmente custos mais elevados para o país do Sol Nascente e a sua astronómica dívida de 833.000 mil milhões de Yens, ou seja, de 7.505 mil milhões de Euros. Mas o Japão tem sempre a possibilidade de por as suas impressoras a funcionar, inflacionando a economia e diminuindo assim o peso dessa dívida: se o BOJ conseguisse obter uma inflação de 2%/ano, a dívida pública cairia, em termos reais, os mesmos 2%/ano durante esse período.
No entanto, isso significaria muito provavelmente uma desvalorização do Yen e as suas consequências: um agravamento dos custos das importações para os cidadãos e empresas, ou seja, uma perda de poder de compra para os cidadãos e de competitividade para as empresas Japonesas. No fundo, em economia, nunca há almoços grátis...
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