quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Não adianta ralhar

"Em casa sem pão toda a gente ralha e ninguém tem razão".

O monstro - o estado - caiu e não se consegue levantar! E a queda foi brutal pois estavam habituados a grandes mordomias. Senão vejamos:

1. Regimes especiais de segurança social (CGA,...) com reformas principescas e, na sua maioria, antecipadas em muitos anos por "doença", "incapacidade" ou qualquer outra desculpa que servisse na altura, com brutais défices anuais pagos pelos contribuintes: segundo a própria CGA, o défice no final de 2012 era de 4300 milhões de euros;
2. Regimes especiais de saúde (ADSE,...), também estes com défices anuais pagos pelos contribuintes: segundo o Diário Económico, em 2011 a ADSE teve um défice de 839 milhões de euros (ainda não consegui obter dados relativamente a 2012);
3. 35 horas de trabalho semanais e tolerâncias de ponto que resultavam na maioria dos casos em 30 dias de férias por ano;
4. Segundo um estudo do Banco de Portugal de 2011, salários, em média, 36% acima do sector privado;
5. Ausência de qualquer tipo de avaliação do seu trabalho, o que contribuia para uma reduzida produtividade e até motivação.

Podia continuar mas penso que é o suficiente para se perceber o que irei dizer a seguir: agora chegou a conta - astronómica - e é preciso pagá-la pois, caso contrário, não haverá dinheiro para pagar salários no estado. Esta é a fria realidade em que o país se encontra. Alguns poderão argumentar que podemos sempre repudiar a dívida mas para isso teria de haver capacidade financeira para aguentar o país sem recorrer aos mercados durante largos anos...

Este ajustamento foi o caminho que previ em 2011 depois do governo socialista pedir um resgate à união Europeia. Na vida temos de tomar opções e não há almoços grátis pelo que a opulência do passado será paga pela miséria do futuro...

Ver também:

Caixa Geral de Aposentações com buraco de 4,3 mil milhões

A ADSE, os números e a realidade

Atentamente,

DS

2 comentários:

  1. Só discordo do Ponto 2 e 4. Acho que todos os trabalhadores (do estado ou não) deveriam ter acesso a um regime geral de saúde. Aliás, o ideal para o SNS poderia passar por isso...criação de fundos (bem geridos) de apoio social.
    O Ponto 4 desconheço esse estudo e desconfio da veracidade.

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  2. Caro Pedro,

    2. Todos os trabalhadores privados têm 1 e 1 só regime de saúde, o SNS, enquanto que os trabalhadores públicos tinham até 2005 os seguintes subsistemas:

    ADSE (Direcção-Geral de Protecção Social dos Funcionários e Agentes da Administração Pública);
    ADME (Assistência na Doença aos Militares do Exército);
    ADMA (Assistência na Doença aos Militares da Armada);
    ADMFA (Assistência na Doença aos Militares da Força Aérea);
    ADMG (Assistência na Doença à Guarda Nacional Republicana);
    SAD PSP (Serviços de Assistência na Doença da Polícia de Segurança Pública);
    SSMJ (Serviços Sociais do Ministério da Justiça).

    Penso que, em 2005, isso foi reduzido para:

    ADSE para a maioria dos funcionários públicos;
    SAD da GNR e PSP;
    ADM das Forças Armadas.

    4. Tem aqui o meu post com o link para o estudo do BP: http://daxspeculator.blogspot.pt/2012/07/desigualdade.html

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