quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Entrevista de El-Erian ao Spiegel

Hoje vou traduzir as partes mais relevantes da entrevista de Mohamed El-Erian à revista Alemã Spiegel. As partes entre [] são comentários meus.

SPIEGEL [acerca das conversas com os governos]: o vosso pessoal, o que diz ao ministro das finanças Espanhol? Algo do género: "desculpem mas as vossas obrigações são demasiado arriscadas para nós"?

EL-ERIAN: estamos muito cautelosos no que respeito a exposições à Grécia e Irlanda. Relativamente a Espanha há uma discussão mais atractiva, dependendo sobretudo no que diz respeito à solução que será encontrada para as suas "cajas" [lê-se nas entrelinhas que a Pimco não irá gostar de uma solução à la Irlanda].

SPIEGEL: relativamente à Grécia, espera algum tipo de eliminação forçada da sua dívida? Algum tipo de reestruturação?

EL-ERIAN: neste momento a Grécia não tem uma política capaz de fazer crescer a sua economia e, simultaneamente, diminuir a sua astronómica dívida. O que esperamos é uma resposta mais forte, algo entre o suporte à liquidez e o suporte à insolvência. Há muitas possibilidades: a União Europeia poderia refinanciar a dívida com garantias como contrapartida. Outra possibilidade seria impor perdas aos credores. Também existe a hipótese da UE ajudar os Helenicos a recomprar a sua dívida a desconto. O Spiegel reportou que isso estava a ser planeado em Bruxelas e Berlim [esta última hipótese é, na minha opinião, a mais provável].

SPIEGEL: não irão os investidores ficar revoltados se não recuperarem a totalidade do seu capital investido?

EL-ERIAN: depende da forma como eos feito. No Uruguai, por exemplo, o mercado aplaudiu a recompra da dívida a desconto. O importante é fazê-lo de uma forma que promova o crescimento e o emprego, reduza significativamente as incertezas e seja por isso uma situação à partida ganhadora. Em contrapartida, se for feito como na Argentina em 2001, de uma forma muito desordenada, fica-se com uma situação perdedora.

SPIEGEL [acerca da influência da Pimco nos mercados]: quando a UE estava a tentar salvar a Grécia, a Pimco duvidou publicamente que o plano iria funcionar. Isso foi como atirar achas para a fogueira. Os CDS (Credit Default Swaps) das obrigações Helénicas ficaram imediatamente mais caros.

EL-ERIAN: na Pimco, dizemo-lo mal o analisamos porque é isso que os nossos clientes esperam. Eles perguntar-nos-iam de imediato: se as obrigações Gregas estão a pagar 8,9,10 %, porque não estão a compra-las? Nós devemos aos nossos clientes a partilha da informação e análises que nos levam às nossas tomadas de decisão na altura de investir.

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Enviada a partir do meu dispositivo móvel

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